Datura stramonium

ANGEL´S TRUMPET...

Mecanismo de toxicidade
Todas a partes da Datura stramonium são tóxicas devido às elevadas concentrações de alcalóides do tropano (hiosciamina, atropina e escopolamina). A concentração exata de alcalóides varia com a espécie, a cultura, o ambiente, a temperatura e a humidade. A gama de toxicidade é altamente variável e imprevisível. A toxicidade pode variar de folha para folha, de planta para planta e de época para época. [1] A quantidade necessária para envenenar um adulto é de cerca de 20 sementes sendo que a dose letal estimada para um adulto de atropina é de uma quantidade superior a 10 mg ou entre 2 a 4 mg de escopolamina. [2]
As causas da intoxicação por Datura stramonium podem dever-se á preparação inadequada de vegetais, abuso deliberado como alucinogénio, uso para homicídio ou por intoxicação acidental. A maioria dos casos relatados na literatura ocorre entre os adolescentes após a ingestão voluntária da planta devido aos seus efeitos alucinogénios e de euforia. [3] As crianças têm uma suscetibilidade especial à toxicidade da atropina, mesmo em pequenas quantidades podem produzir graves manifestações no sistema nervoso central. [3] A intoxicação pode dever-se á ingestão de sementes, folhas secas ou verdes, chás ou fumo de cigarros feito com Datura stramonium. [3][4]
Os efeitos tóxicos surgem dentro de 30 a 60 minutos depois de fumar ou beber chá das folhas ou cerca de 1-4 horas após a ingestão de material vegetal ou sementes e podem persistir durante dias devido ao retardamento do esvaziamento gástrico. [1][5] Os alcalóides do tropano ligam-se aos recetores muscarínicos da acetilcolina periféricos e centrais (devido á sua estrutura- aminas terciárias atravessam facilmente a barreira hematoencefálica) atuando como antagonistas competitivos a nível destes recetores. Por essa razão, os sintomas típicos da intoxicação são expressos pelo síndrome anticolinérgico. [5]
O diagnóstico da intoxicação por Datura stramonium é essencialmente clínico, mas os alcalóides de tropano podem ser detetados na urina por cromatografia em fase gasosa e espectrometria de massa. [6]
BIBLIOGRAFIA
[1] Arnett, A.M., Jimson Weed (Datura stramonium) Poisoning. Disponível em: https://www.erowid.org/plants/datura/datura_info5.shtml; [acedido em 18/05/2015]
[2] Bhakta Prasad Gaire, L.S., A review on the pharmacological and toxicological aspects of Datura stramonium L. Journal of Integrative Medicine, 2013. 11(2): p. 73-79.
[3] Sanlidag, B., O. Derinoz, and N. Yildiz, A case of pediatric age anticholinergic intoxication due to accidental Datura stramonium ingestion admitting with visual hallucination. Turk J Pediatr, 2014. 56(3): p. 313-5.
[4] Amini, M., H. Khosrojerdi, and R. Afshari, Acute Datura Stramonium poisoning in East of Iran - a case series. Avicenna J Phytomed, 2012. 2(2): p. 86-9.
[5] Wiebe, T.H., E.S. Sigurdson, and L.Y. Katz, Angel's Trumpet (Datura stramonium) poisoning and delirium in adolescents in Winnipeg, Manitoba: Summer 2006. Paediatr Child Health, 2008. 13(3): p. 193-6.
[6] Alberto Kurzbaum, C.S., Ludmilla Kvasha and Arnon Blum, Toxic Delirium due to Datura Stramonium. IMAJ, 2001. 3: p. 538-539.
[7] Alireza Atri, M.S.C.e.G.R.S., Farmacologia Colinérgica, in Princípios da Farmacologia do Sistema Nervoso Autônomo e Periférico. capitulo 8, p. 106.
Tabela1- Efeitos do bloqueio recetores colinérgicos no organismo [7]
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